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Arquitetos: Brandão Costa
- Área: 7805 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Francisco Tavares Ascensão, André Cepeda
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Fabricantes: CIN, Cimenteira do Louro, Cinca, Forbo, Gercima, Knauf, Robbialac, Soprema, Spirella
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Bairro Social de São João de Deus, originalmente ajustava-se a uma implantação que seguia os parâmetros britânicos de desenho do movimento «Garden City»: edifícios de pequena escala, dispostos de modo racional e fragmentado sobre o território, acompanhando a natureza da topografia e adequando-se à exposição solar, configurados numa planta concêntrica.
Ao longo do tempo, o bairro sofreu alterações dramáticas que descaracterizaram a sua génese, alteraram as suas principais qualidades urbanas e tipológicas, e massificaram a construção de modo anárquico e informal, com graves prejuízos habitacionais e sociais.
Do ponto de vista urbano, o projecto de recuperação propõe a reposição das qualidades originais de concepção do Bairro, valorizando nomeadamente a relação muito equilibrada entre escala de volumetria, espaço público e natural, enquadramento paisagístico e topográfico que se encontra na intervenção dos anos 1940.
A transformação das construções existentes repõe a sua volumetria original, atribuindo à sua imagem uma contemporaneidade não arbitrária, mas resultante da extrema racionalidade das opções construtivas de transformação do seu espaço e da sua forma.
A reconfiguração das tipologias originais foi desenvolvida de modo a conseguir fogos com maior área habitável, com mais qualidade, flexibilidade espacial e adequação aos regulamentos vigentes. Este processo de renovação das construções foi acompanhado pela redesenho de todo o seu espaço público.
As decisões técnicas associadas a um princípio radical de economia de escala, de essencialidade construtiva e manutenção máxima dos seus elementos de edificação (principais e estruturais) constituíram a essência sustentável da transformação do núcleo existente:
Utilização contínua de um único vão (o vão existente) para todas as aberturas, o que implica a repetição do mesmo detalhe de janela e porta mais de 700 vezes, em perfil estandardizado de madeira); Manutenção integral da parede exterior de pedra estrutural, bem como da sustentação em madeira dos telhados; Recobrimento da estrutura das coberturas com um sistema leve (para não sobrecarregar a sustentação de madeira existente) de impermeabilização e isolamento, constituído por uma camada de PIR + tela asfáltica, com acabamento em pedra de ardósia preta, acrescentando um sistema de drenagem por gravidade directa que evitará a realização de infraestruturas hidráulicas em todo o conjunto; Forte isolamento dos paramentos exteriores, potenciando a inércia térmica da estrutura de pedra maciça, com acabamento em reboco térmico branco.
A construção dos novos edifícios completa a implantação do conjunto que sempre esteve por rematar a Sul e permite ampliar o número de casas disponíveis, respeitando a escala do contexto arquitectónico e urbanístico prévio. A escala, a linguagem e o posicionamento no território das novas construções estão ancorados nos pressupostos compositivos e tipológicos do projecto original.
Os volumes paralelepipédicos adequam-se á topografia existente, utilizam a mesma janela já encontrada no conjunto e criam uma transição orgânica (utilizando o tijolo à vista) entre o complexo urbano e a paisagem a sul, ainda bucólica e expectante.